Consequências neurológicas do consumo intermitente de álcool na adolescência

Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA)

Estudos em humanos já comprovaram que o uso excessivo de álcool durante a adolescência pode causar déficit cognitivo na vida adulta.

Alcoholism: Clinical and Experimental Research, 2015 Apr 27*

A adolescência é um período crítico do desenvolvimento cognitivo, emocional e social em que ocorre o refinamento de circuitos neurológicos e o amadurecimento de funções cerebrais importantes, como planejamento e memória. Portanto, o uso de álcool – que atua no sistema nervoso central – nesta fase não é aconselhável. Apesar disso, sabe-se que o consumo abusivo de álcool por adolescentes não é incomum e pode levar a consequências graves e irreversíveis.

Estudos em humanos já comprovaram que o uso excessivo de álcool durante a adolescência pode causar déficit cognitivo na vida adulta, com comprometimento de regiões responsáveis pela memória (hipocampo). Sabe-se também que o efeito do álcool em adolescentes é diferente que em adultos, atuando de maneira negativa em funções de aprendizado, coordenação motora e sedação.

Por meio da criação de um modelo animal de ratos adolescentes, um estudo investigou os efeitos do álcool no cérebro em formação desses ratos e averiguou a exposição ocasional e intermitente deles ao álcool com o objetivo de identificar possíveis alterações estruturais e funcionais na fase adulta. Foram avaliadas regiões cerebrais associadas ao aprendizado e a memória utilizando-se técnicas de eletrofisiologia, imunohistoquímica e anatomia, comparando-se ratos adultos que consumiram com aqueles que não consumiram álcool durante a adolescência.

Os resultados obtidos demonstraram que há prejuízo na função de memória na vida adulta quando ocorre exposição precoce ao álcool. Ratos expostos ao álcool apresentaram mais alterações cerebrais, apontando disfunção quando comparados com ratos não expostos ao consumo de álcool (como atraso no início do desenvolvimento de áreas específicas, alterações de plasticidade, densidade de proteínas, maturação de células e sinapses). Em conjunto, esses resultados demonstram que a exposição intermitente de álcool durante a adolescência pode ter consequências persistentes na vida adulta, com anormalidades estruturais e funcionais do hipocampo, área implicada com a memória. No entanto, apesar de avanços significativos na elaboração de modelos animais, são necessários outros estudos para verificar a hipótese em humanos.

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