Consumo de bebidas alcoólicas na população adulta brasileira: características sociodemográficas e tendências

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que o consumo nocivo de bebidas alcoólicas está associado a uma carga de doenças em todo o mundo, com destaque especial aos países de média e baixa renda – fato que tem incentivado a implantação de estratégias para reduzi-lo. No Brasil, iniciou-se um sistema contínuo de monitoramento chamado VIGITEL* em 2006, possibilitando a avaliação do padrão de uso de álcool na população geral adulta das 26 capitais dos estados brasileiros e do Distrito Federal.

Com base nos dados coletados pelo VIGITEL, um estudo teve como principal objetivo estimar o consumo de álcool no Brasil de 2006 a 2009, identificar as características sociodemográficas associadas, e a tendências de consumo no referido período. Cerca de 54.000 indivíduos foram entrevistados pelo VIGITEL no período de 1 ano, por meio de amostragem aleatória. Foram avaliados no total de 54.369 indivíduos adultos residentes nas capitais do país e no Distrito Federal no ano de 2006, que participaram do sistema VIGITEL*. Para verificar o consumo de álcool, o estudo considerou dois padrões de uso: habitual (ingestão de bebida alcoólica nos últimos 30 dias, independentemente da dose) e abusivo (consumo de 5 ou mais doses para homens e 4 ou mais doses para mulheres em uma ocasião, nos últimos 30 dias).

Os resultados mostraram que quase 40% dos brasileiros fazem uso habitual de álcool, sendo que 42% destes o fazem de forma abusiva (16% do total de entrevistados). Verifica-se ainda que homens consomem mais que as mulheres, tanto no padrão habitual como no abusivo (2 vezes e 3 vezes mais, respectivamente).

Ainda, verificou-se que o consumo de álcool no Brasil é maior e mais abusivo entre adultos jovens, principalmente homens, com idades entre 18 e 44 anos – havendo um declínio após essa faixa etária -, sem engajamento em relacionamento afetivo e inseridos no mercado de trabalho. A escolaridade esteve associada apenas ao consumo habitual, aumentando nas faixas de menor e maior escolaridade, respectivamente.

De acordo com os autores, o aumento do uso abusivo encontrado neste estudo pode ser justificado pela própria cultura brasileira, que aceita socialmente a ingestão de álcool, porém a dose limite para o uso nocivo não é clara – especialmente para a população mais jovem. Desta forma, apontam a urgência de políticas públicas nacionais voltadas para a prevenção do consumo excessivo, principalmente junto a essa população.

* O sistema VIGITEL (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) tem como objetivo monitorar a frequência e a distribuição de fatores de risco e proteção para as Doenças Crônicas Não Transmissíveis, através de entrevistas telefônicas realizadas em amostras probabilísticas da população adulta brasileira. Saiba mais: http://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/area.cfm?id_area=1521.

Fonte: http://www.cisa.org.br

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