Manifestações de recuperação cerebral após abstinência de álcool
Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA)
Há dúvidas entre os especialistas sobre a reversibilidade dos danos causados pelo álcool no cérebro
Brain, 130, 36-47, 2007*
O alcoolismo está associado com aumento na morbidade e na mortalidade afora danos significativos aos tecidos cerebrais. Em especial, essa doença acarreta danos às massas branca e cinzenta, seguidos de perda de volume cerebral e perdas neuropsicológicas.
Estudos comparando o cérebro de alcoolistas com sujeitos não-alcoolistas demonstram haver no primeiro grupo menores níveis de N-acetil aspartato (marcador neuronal cuja concentração diminui quando há lesão encefálica) e de colina (substância que reveste a membrana das células nervosas do cérebro e que é precursor da acetilcolina, neurotransmissor relacionado às funções de aprendizado e memória). Ademais, há dúvidas entre os especialistas sobre a reversibilidade desses danos causados pelo álcool no cérebro.
Assim, os autores buscaram investigar os efeitos morfológicos e neuropsicológicos (com a utilização de técnicas de neuroimagem) da breve abstinência de álcool em 15 pacientes alcoolistas que não necessitaram de medicação para se abster do álcool e que não eram fumantes pesados. A título de comparação, 10 voluntários saudáveis foram selecionados para compor o grupo controle.
Após período de 6-7 semanas de abstinência, observou-se no grupo de alcoolistas abstinentes ganho volumétrico global no cérebro de até 1,85% associado com melhora neuropsicológica e metabólica (melhora nos testes de atenção e aumento nos níveis de colina e de N-acetil aspartato). Por fim, os autores constataram que a reversibilidade dos danos se deu principalmente na massa branca do cérebro.
Os autores ressaltam a importância do fato de que a melhora detectada nos exames não se deve apenas a re-hidratação cerebral, mas possivelmente são frutos da capacidade de regeneração cerebral.
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