Ansiedade antecipatória

Atualmente já se sabe que a ansiedade nasce como defesa de algo que sentimos como
perigoso para nossa vida. Mas por que se defender de eventos prazerosos como
casamento, férias, viagens, festa, promoção?
Mesmo assim, muitas pessoas se agitam de forma patológica antes de uma situação que
deveria dar prazer, satisfação e alegria. É uma ansiedade que inicia dias ou semanas antes do evento e que aumenta até tornar -se incontrolável, com sintomas semelhantes àqueles de ataque de pânico. A mente antecipa o que poderá ocorrer, fixando
-se somente nos momentos nas quais as coisas poderão não andar como se espera que deva ir. Outras vezes a mente não consegue nem imaginar : fica tenso e pronto, como que paralisado. Uma paralisia que estraga tudo: antes do evento, porque tornar -se uma longa tortura feita de ansiedade e dúvidas; durante, pois não consegue divertir-se por causa da tensão e do esgotamento; e depois, em que se sente estúpido por não ter sabido aproveitar daquela ocasião.
A causa mais freqüente da ansiedade antecipatória é a insegurança e seus desdobramentos
como a incapacidade de viver emoções em geral e a necessidade excessiva de controle.
A capacidade de pode r vencer essa ansiedade começa quando nos damos conta que as coisas nunca serão como tememos, nem como esperamos. Será sempre algo diferente, por sorte. O controle é totalmente inútil. Se você perceber que está difícil lidar com isso, não perca tempo, procure ajuda!
Autor: Dorit Wallach Verea

Alcoolismo na adolescência

A adolescência é uma fase caracterizada por mudanças rápidas no físico, no psicológico e no social, o que implica em uma crise de identidade. Por causa disso, é nesse período que o risco para o ingresso no uso de substâncias psicoativas se torna maior. Não apenas pelo fato de querer experimentar o novo, buscar novas emoções e desafios, mas também para encontrar nessas novas buscas as “respostas” para o seu viver.
Na elaboração de sua identidade, o adolescente percebe que o álcool pode amenizar
momentos de angústias e interferir na busca do novo sentido de si mesmo. Porém, esse
amenizar pode implicar num sentido de vida fragilizado. Geralmente, o adolescente percebe que quando consome álcool, teoricamente , as coisas ficam mais fáceis; contudo, não percebe que, inadvertidamente, pode transformar o consumo de álcool como parte da busca de seu sentido de vida – ou seja, tornar o consumo de álcool como ingrediente indispensável na resolução de sua crise.
A sociedade atual também contribui para esse envolvimento em seus diversos segmentos,
apontando para caminhos mais direcionados para o material do que para e essência. Isso servetambém para a mídia que, influenciando o comportamento social, na maioria das vez
es aponta caminhos para a obtenção de objetos de consumo, menos preocupados com respostas que visam o crescimento interior.
Também, não é demais repetir um dado importante: não existe consumo de álcool sem risco. Não é necessário ser um alcoolista para se ter problema com bebida alcoólica.
Autor: Dorit Wallach Verea

Auto estima e auto confiança

Frequentemente se acredita que a confiança advenha alimentada pela carreira, pelo sucesso, pelo alcance de determinados objetivos.
É falso. A confiança depende da relação que você tem com você mesma.
Queremos mudar, mas, se queremos mudar é porque não gostamos de nós mesmos, não
temos auto-estima. Ou seja, não confiamos em nós mesmos!
Mas, se é assim, como poderemos superar os obstáculos e realizar os novos objetivos e as
mudanças? O resultado deste círculo vicioso é cada vez mais e mais falta de autoconfiança e baixa auto-estima.
A primeira coisa a ser feita é mudar a direção do nosso olhar para o interno. Olhando sempre o passado, acreditamos, com antecedência, como ocorrerão as coisas e isto, na maior parte das vezes, nos condena a perpetuar a baixa auto-estima. Não se deve condicionar o passado para o eterno.
Para isso, precisamos manter este olhar para o interno sempre direcionado, como
um feixe de luz para o presente, podendo ver os eventos de forma sempre diferente.
A autoconfiança não é o produto de um esforço, mas o resultado do estado de regeneração
que se cria dentro de cada um de nós quando nos damos a chance de olhar-nos por est
e novo prisma. Só assim, temos condições de remover sentimentos negativos impregnados como: arrependimento, ciúme, lamentos, raiva, inveja, insegurança.
Supere suas dificuldades, crie sua autoconfiança, se dê essa chance de acreditar em você
mesma!
Autor: Dorit Wallach Verea

Estresse pós trauma

Atualmente a violência urbana e a agressão interpessoal constituem ameaça à vida e à
integridade física dos seres humanos. Como conseqüê ncia dessa dura realidade, começa a se tornar freqüente uma resposta emocional das pessoas sob a forma de um quadro clínico
chamado Transtorno por Estresse Pós-Traumático, que é caracterizado por alterações
emocionais, que quanto mais hostil e/ou tenso for, maiores as probabilidades de problemas
emocionais.
Os eventos traumáticos são considerados diferentes daqueles eventos muito dolorosos que
constituem as vicissitudes normais da vida como divórcio, falha, rejeição, doença grave,
reveses financeiros e afins, e suas respostas psicológicas são mais intensas. Os eventos que chamamos de traumáticos são desastres naturais (terremoto, incêndios, etc.), violência urbana e doméstica, abuso moral, físico e sexual, acidentes com grave risco de vida, assalto e seqüestros.
Alguns tipos de eventos são mais traumáticos que outros. Em geral, a severidade dos sintomas é proporcional ao grau de risco da vítima, a sua sensibilidade afetiva e também pelo fato de desempenhar ou não atividades cotidianas estressantes: é o caso
de algumas profissões como bancários, policiais, políticos, entre outras.
O impacto do trauma e os intensos sentimentos imediatos provocados por ele, tais como,
medo, depressão, desespero, raiva, ansiedade, entre outros, provocam uma desorganização mental caracterizada pela incapacidade de conviver com as emoções e as lembranças traumáticas.
O Transtorno por Estresse Pós-Traumático, constitui uma resposta a uma situação de natureza excepcionalmente ameaçadora ou catastrófica que poderia acontecer com qualquer pessoa. Fatores predisponentes, tais como certos traços de personalidade ou antecedentes emocionais, podem aumentar ou diminuir a tolerância individual para a ocorrência desta síndrome.
Uma avaliação precoce é valiosa para definir a necessidade e a forma de tratamento, pois
muitas vítimas de atentados podem desencadear este transtorno de forma mais branda até a mais severa. Além disso, o diagnóstico precoce é fundamental para o sucesso do tratamento e prevenção de problemas futuros.
Para indivíduos com Transtorno do Estresse Pós-Traumático não tratados, o evento traumático permanece, algumas vezes por décadas ou a vida toda. Trata-se de uma experiência psicológica dominante que evoca pânico, terror, pavor, apreensão, aflição ou desespero, manifestos em fantasias diurnas, pesadelos traumáticos e reconstituições psicóticas conhecidas como flashbacks do transtorno.
Em sua manifestação mais extrema, o indivíduo tem medo de sair de casa, por temor de se
confrontar com lembranças do(s) evento(s) traumático(s).
O tratamento é fundamental pois o indivíduo sente seu futuro desolador, turvo, e sem
perspectivas comprometendo assim, sua qualidade de vida e de trabalho. Por isso é cada vez maior a procura por tratamentos especializados para o Estresse Pós Traumático.
Quadro Clínico do Transtorno por Estresse Pós-Traumático
Sintomas
  • 1. Tensão no corpo – 95%
  • 2. Mal estar em situações que recordam o trauma – 90%
  • 3. Sentimentos depressivos – 90%
  • 4. Freqüentes mudanças de humor – 90%
  • 5. Dificuldades para conciliar ou manter o sono – 88%
  • 6. Sobressaltos com ruídos ou movimentos imprevistos – 88%
  • 7. Se irrita ou enfada com mais facilidade – 82%
  • 8. Tendência ao isolamento – 81%
  • 9. Sonhos desagradáveis ou pesadelos sobre o acidente – 69%
  • 10. Sentimentos de culpa, auto-acusações – 39%
Autor: Dorit Wallach Verea

Rede social

A presença de uma doença, especialmente quando se trata de uma doença crônica, produz um impacto nas interações entre o indivíduo e sua rede social mais ampla, por meio de diferentes processos inter-relacionados.
As doenças em geral possuem um efeito interpessoal aversivo. Talvez esteja gravada no nosso código genético advindo da seleção natural.
A rede social, assim como uma teia de aranha, é um sistema descentralizado que pode ser
identificado e analisado a partir de um indivíduo (pessoal) ou de um serviço (institucional).
A rede social pessoal pode ser definida como a soma de todas as relações que um indivíduo
percebe como significativas ou diferenciadas da massa anônima da sociedade.
Critérios de inclusão de uma rede. Exemplo: Quando se avalia um dependente químico em
processo de reinserção social, incluímos o jornaleiro da esquina? Com quem conversou na
última semana? Quem poderia ser um ombro para desabafar? Com quem encontra
regularmente?
A rede social institucional tem como seu maior desafio a inclusão de todos os envolvidos na
discussão da função e do lugar do fenômeno do uso de drogas nas organizações sociais
ocidentais modernas.
O processo de construção da rede social deve caracterizar-se pela:
  • Troca sistemática de informações e resultados (por meio de discussão de casos, seminários e pesquisas);
  • Apoio mútuo e parcerias (rede informal);
  • Desenvolvimento de estratégias e métodos (rede formal)
A rede social pode ser avaliada em termos estruturais e funções.
Estruturais:
  • Tamanho – nº de pessoas ou instituições;
  • Densidade – amigo do amigo ou relação entre as instituições;
  • Distribuição – nº de pessoas ou instituições mais próximas até as mais afastadas;
  • Dispersão – distância geográfica;
  • Homogeneidade – demográfica, sexo, idade ou sócio-cultural;
Funções:
  • Companhia social – (colegas);
  • Apoio emocional – (amigos íntimos, grupos de mutua ajuda);
  • Guia cognitivo e conselhos – proporcionam modelos de papéis (ex. conselheiro);
  • Regulação social – reafirma responsabilidades e papéis e neutralizam desvios de comportamento (Igreja);
  • Ajuda matéria e de serviços – serviços de saúde;
  • Acesso a novos contatos – é um atributo de qualquer relação e da prevenção
A questão do individualismo e da competitividade na nossa sociedade torna relevante a
exploração da rede social como determinante de saúde e doença.
O trabalho institucional é enriquecido dramaticamente com a inclusão da óptica de rede que realça uma ética de nossa responsabilidade social e nos conscientiza da impotência do
trabalho isolado. Fala-se com freqüência do perigo do isolamento do dependente, mas muitas instituições trabalham completamente isoladas.
Existe uma correlação direta entre qualidade da rede social e qualidade de saúde. A rede social protege a pessoa contra doenças. Por outro lado, a doença deteriora a qualidade de sua interação social e, a longo prazo, prejudica seu acesso a sua rede social.
Existe uma correlação entre o nº de internações de um dependente químico e a qualidade de sua rede. Grupos de apoio-mútuo assumem o papel do apoio emocional. A participação da família no tratamento é mais um exemplo.
A rede fornece:
  • Identidade – reflexos de minha imagem: “Oi, Joana”;
  • História – traz diferentes versões da minha lembrança “Lembra quando você…”;
  • Nutrição Emocional – fonte de afeto e interesse pessoal “Que prazer em te ver…”;
  • Gerador de feedback social – análise e crítica do outro “Você está rouco de novo?” ou “Você foi muito agressivo com ela”;
  • Depositário do outro – ser referência e depositário para o outro.
O vazio de identidade, de história, de continuidade, de nutrição emocional, de feedback social, de cuidados de saúde, de validação, de responsabilidade pelo outro produzido pela perda de um vínculo (objeto, amigo, parente, divórcio, parte do corpo ou sonho ou migração) é uma experiência universal. E a recuperação desse vazio ocorre na experiência.
A formação de uma associação de rede social democrática é fundamental.
Autor: Dorit Wallach Verea

Síndrome do pânico

Conta a lenda que o deus mitológico Hermes teve um filho com Penélope. A criança ao nascer era tão feia que sua mãe saiu correndo! Essa criança recebeu o nome de Pã, e tinha o estranho hábito de aparecer subitamente para os viajantes, que em geral tinham uma reação de grande medo, de pânico.
Vem dessa lenda o nome da síndrome do pânico. Hoje em dia, essa síndrome é o nome médico para uma reação de grande medo, em geral com sintomas extremamente desagradáveis, que aparecem sem nenhuma razão aparente. Talvez essa seja a característica mais assustadora da síndrome de pânico. E, se é incompreensível para a pessoa que sofre, não é fácil também estar perto de uma pessoa com um ataque agudo.
O Distúrbio do Pânico ocorre igualmente entre homens e mulheres e, em sua maioria, são
pessoas jovens ou adultas jovens na faixa etária dos 20 aos 40 anos, encontrando-se na
plenitude da vida profissional.
Em geral, são pessoas extremamente produtivas, criativas, costumam assumir grandes
responsabilidades e afazeres, são perfeccionistas, muito exigentes consigo mesmas e não
costumam aceitar bem os erros ou imprevistos.
Costumam ser pessoas que não se vêem sensíveis aos problemas da emoção, julgam-se
perfeitamente controladas, dizem que já passaram por momentos de vida mais difíceis sem
que nada lhes acontecesse, enfim, são pessoas que até então subestimavam quem sofria de problemas psíquicos.
Mas, a síndrome de pânico afeta a vida pessoal, afetiva, social e profissional, levando o
indivíduo a uma reavaliação da vida e de si próprio sob outra perspectiva.
Algumas mudanças de postura perante a vida podem ajudar bastante, tais como estar atento a se exigir, se culpar e se julgar menos e, jamais se sentir um fraco ou covarde por estar com síndrome do pânico. Este problema pode afetar qualquer pessoa e não é fruto da fraqueza de ninguém.
Se os sintomas persistirem, não continue sofrendo. Procure ajuda especializada e acredite, vai passar.
Autor: Dorit Wallach Verea

Aderência ao tratamento com dependentes químicos

O presente trabalho teve por finalidade identificar e analisar as influências do padrão de apego na aderência terapêutica, atuando na motivação, nas resistências e na possibilidade de estabelecer vínculos de confiança estáveis com dependentes químicos.
O trabalho foi elaborado a partir da concepção a respeito da capacidade do ser humano de
formar e romper vínculos afetivos, conforme foi designado por John Bowlby, sendo apresentada uma discussão teórica fundamentada neste modelo. Entende-se que alguns dos fatores preditivos para uma aliança terapêutica estão relacionados com o padrão de apego introjetado e a capacidade posterior para estabelecer e manter relações profundas,
especificamente, a relação psicoterápica. Contém claras proposições específicas a respeito dopapel das experiências infantis no desenvolvimento de psicopatologias, da importância da continuidade do ambiente e da natureza do processo subjacente da patologia.
Foram utilizadas contribuições de autores como Winnicot e Olivenstein na conceituação do
fenômeno da dependência química. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), órgão das Nações Unidas com sede em Genebra (Suíça), um indivíduo torna-se um dependente quando perde o controle sobre o uso. Portanto, o abuso de substâncias não será definido apenas em função da quantidade ou freqüência de uso.
A pesquisa é de natureza qualitativa. Foi realizado um estudo de caso com um paciente
drogadicto em tratamento psicoterápico ambulatorial há mais de dois anos. Aplicado o
questionário sócio-demográfico, foi feita a entrevista, utilizando o roteiro de Entrevista de
Apego Adulto de Mary Main.
Autor: Dorit Wallach Verea