A ansiedade, o medo e o pânico foram e ainda são sensações importantíssimas para a sobrevivência da espécie humana. Ao se deparar com situações de perigo extremo, um incêndio, por exemplo, é bom que esses sentimentos tomem conta do indivíduo para que ele tema por sua vida e busque fugir da ameaça.
Mas e quando essas sensações se tornam patológicas? E quando começam a acontecer repentinamente e sem motivo aparente, trazendo transtornos e constrangimentos para o indivíduo? O que fazer? Como buscar ajuda? Que médico procurar?
O que é Síndrome do pânico?
A síndrome do pânico é um transtorno de ansiedade caracterizado por crises ou ataques de pânico repentinos e sem razão aparente. Trata-se de uma sensação de medo tão intensa que pode acarretar em sintomas físicos, como taquicardia e falta de ar.
Muitos pacientes durante os ataques de pânico confundem os sintomas físicos do pânico com uma doença física como um ataque cardíaco ou um derrame cerebral.
Essa patologia atinge cerca de 4% da população mundial, algo em torno de 280 milhões de pessoas, segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde). Além disso, pessoas que sofrem com a doença, estão sujeitas a desenvolver outros transtornos como a depressão que afeta 5,8% da população brasileira e a ansiedade que afeta 9,3% da população.
Apesar da conscientização sobre o problema estar aumentando, as pessoas que sofrem com a síndrome do pânico ainda têm que conviver com mais uma pedra no caminho: o preconceito.
É comum que a paciente com síndrome do pânico se sinta inferiorizada, pois as pessoas ao redor dizem que é frescura e que não se trata de um problema tão sério, o que é mentira. A síndrome do pânico é um problema real e que pode trazer sérias consequências.
Causas
As causas em si das crises e da síndrome do pânico ainda são completamente conhecidas pela ciência, mas sabe-se que sofre influencia biológica, cognitiva, genética e psicológica. Há também a constatação de que ela afeta muito mais mulheres do que homens e que costuma surgir no final da adolescência e início da vida adulta.
Além disso, é bastante comum que as pessoas experienciem apenas 01 episódio de pânico durante toda a vida. Quando a crise acontece apenas uma vez, isso não caracteriza um quadro de síndrome do pânico, mas o fato dos episódios poderem acontecer com qualquer um dificulta ainda mais o trabalho dos pesquisadores de tentar entender as causas da doença.
1. Possíveis causas biológicas
• Algumas pesquisas concluíram, por exemplo, que existe uma atividade irregular da noradrenalina (um tipo de regulador do humor) nas pessoas que têm ataques de pânico.
• As amígdalas são partes do cérebro responsáveis por avisar o corpo de que se está em uma situação de perigo e que é hora de ter medo. Quando as amígdalas estão desreguladas e não funcionam direito, elas podem induzir quadros de pânico sem motivo aparente.
2. Possíveis causas cognitivas
As pessoas com síndrome do pânico sofrem destas crises porque elas confundem suas sensações físicas com situações de risco. O problema é que os sintomas físicos fazem com que as pessoas se sintam fora do controle da situação, o que as leva a episódios de pânico.
Essa confusão foi nomeada pelos especialistas como ansiedade sensitiva e pesquisas sugerem que pacientes que possuem índices mais altos de ansiedade sensitiva têm até 5 vezes mais chances de ser diagnosticadas com transtorno do pânico.
3. Possíveis causas psicológicas
Há ainda a possibilidade da síndrome do pânico ser causada por fatores psicológicos, como eventos muito estressantes, transições bruscas na vida e a exposição a ambientes hostis.
Muitas vezes, as primeiras crises são provocadas por altos níveis de estresse e o uso de certos medicamentos. Além disso, pessoas com uma sobrecarga de responsabilidades também desenvolvem uma tendência maior de sofrer de crises de pânico, assim como pessoas que sofrem de estresse pós-traumático.
4. Fatores de risco
Idade
A adolescência e o início da vida adulta são os momentos mais propícios para o aparecimento de crises de pânico. Apesar da síndrome do pânico normalmente se desenvolver entre os 18 e 35 anos de idade, é possível que ela ocorra em qualquer momento da vida.
Genética
Já foi constatado que existe forte correlação entre a genética e a síndrome do pânico. Filhos de pais com a doença são muito mais propensos a ter ataques e ser diagnosticados com a síndrome.
Gênero
Mulheres são mais propensas a desenvolver distúrbios ansiosos e depressivos. A síndrome do pânico, em especial, é ainda mais prevalente entre as mulheres. Estima-se que elas possuem até 2 vezes mais chances de apresentar a doença.
Mulheres em geral se sentem muito mais inseguras na sociedade do que os homens por conta da cultura em que vivemos e, portanto, passam por mais situações em que os níveis de ansiedade se elevam.
Um relato muito comum entre as mulheres é o medo de andar na rua sozinha à noite, por exemplo. Essas situações aumentam os níveis de estresse e ansiedade, facilitando o surgimento de transtornos relacionados ao pânico.
Personalidade
Pesquisas demonstram que existe alguma correlação entre crianças com personalidades mais “amedrontadas”, ansiosas e nervosas e o desenvolvimento posterior de síndrome do pânico.
Ambiente familiar
Existem alguns traços familiares que estão relacionados à síndrome do pânico. Pais que são muito exigentes, perfeccionistas e que exigem comportamento e disciplina de forma rígida dos filhos aumentam os riscos da criança desenvolver síndrome do pânico no futuro.
Entretanto, essa correlação não é necessariamente verdadeira, já que há um grande número de crianças que passou por situações similares e não desenvolveu a síndrome, como há pacientes que foram criados em ambientes completamente diferentes, muitas vezes, acolhedores e vieram a desenvolvê-la.
Eventos traumáticos
Já foi constatada a relação entre a síndrome do pânico e o estresse pós-traumático. Transições muito bruscas na vida de uma pessoa, como a morte de um ente querido próximo, a perda de um emprego ou um divórcio podem servir de gatilhos para o desenvolvimento de um quadro de pânico.
Além disso, pesquisas mostraram que passar por situações traumáticas, como sofrer de abuso físico ou sexual, tem uma forte correlação com o desenvolvimento da síndrome do pânico.
Altos níveis de estresse
Existe uma correlação entre o estresse e o transtorno do pânico. Pessoas que são submetidas à muita pressão e que têm responsabilidades excessivas possuem mais chances de ter uma crise.
Abuso de substâncias
O abuso de substâncias é muitas vezes relacionado às crises de pânico. Um estudo publicado na revista científica Addictive Behavior mostrou que 39% das pessoas que sofrem de síndrome do pânico já fizeram uso abusivo de substâncias.
Desses 39%, 63% abusaram do álcool, e 59% relataram ter feito uso excessivo de drogas ilícitas. Nesses casos, o uso de substâncias é anterior ao surgimento de crises de pânico.
Sintomas
Os sintomas de uma crise de pânico normalmente são mistos e envolvem uma série de sintomas emocionais e físicos que, quando em conjunto, dão a sensação ao paciente de que ele está morrendo ou de que algo muito ruim está prestes a acontecer.
Para os pacientes, especialmente durante um episódio, às vezes pode ser muito difícil constatar que se trata de uma crise de pânico. Entretanto, para terceiros, a tarefa pode ser um pouco mais fácil, uma vez que não estão com o emocional tão fragilizado.
Entretanto, antes de entrarmos nos sintomas propriamente ditos, precisamos estabelecer as diferenças entre crises de pânico e a síndrome do pânico.
Crise de pânico X Síndrome do pânico
Existem diferenças entre crises de pânico para a síndrome do pânico. Muitas pessoas experimentam crises de pânico sem mais episódios recorrentes ou complicações. Nesses casos, o problema não pode ser diagnosticado como Síndrome do pânico.
A síndrome só ocorre quando os episódios são recorrentes, combinados com mudanças intensas no comportamento, como a ansiedade e o estresse persistentes ou a dificuldade de sair de casa por medo de novas crises.
Nesses casos, as crises recorrentes representam um grande peso emocional na vida do paciente. A memória do medo intenso e do terror vivido durante os episódios pode afetar negativamente a autoconfiança do paciente e causar graves perturbações na vida cotidiana. Nesse caso, a regra é simples: uma única crise de poucos minutos pode deixar cicatrizes duradouras e de difícil tratamento.
Eventualmente, isso pode levar o paciente a sentir:
Ansiedade antecipatória: o paciente se sente tenso mesmo em situações em que deveria estar tranquilo. Essa ansiedade normalmente ocorre em decorrência do medo de novas crises. É famoso “medo de ter medo”, e ele pode ser extremamente incapacitante;
Evitação fóbica: o paciente pode começar a evitar diversas situações ou ambientes, baseando-se na crença de que a situação que está evitando é a causa da crise de pânico anterior. Outra justificativa é o medo de locais onde a fuga seria difícil ou onde não encontraria ajuda disponível.
Sintomas físicos: Podemos dizer que os sintomas de uma crise de pânico ocorrem porque o corpo está de certa forma, se preparando para fugir de uma situação de perigo, de uma ameaça real, como um incêndio. Eles ocorrem, principalmente, porque há uma descarga de adrenalina que provoca uma série de alterações físicas no corpo.
Como essas alterações são inesperadas e normalmente não fazem sentido naquele exato momento, a pessoa cria justificativas muitas vezes fora da realidade para tentar lidar com a descarga inesperada de adrenalina.
Confira os principais sintomas físicos:
• Aumento da frequência cardíaca
• Aumento da frequência respiratória (hiperventilação)
• Ressecamento da boca
• Sensação de falta de ar
• Dor no peito ou desconforto
• Estresse extremo
• Tremores
• Sudorese excessiva
• Náusea
• Vômito
• Tontura leve ou fraca
• Sensação de desmaio
• Escurecimento da visão
• Formigamento
• Parestesia (formigamento ou dormência).
Os sintomas emocionais ocorrem durante a crise e também nos momentos posteriores, quando os sinais físicos já nem estão mais presentes.
Durante as crises, o paciente pode sentir-se excluído ou separado do seu entorno, medo de perder o controle e “enlouquecer” e ter a sensação de que vai morrer.
Essas sensações são irreais e não representam algo concreto. Elas acontecem porque a mente está buscando justificativas lógicas para todas as sensações físicas que está presenciando. Entretanto, apesar de assustar, o paciente não vai morrer por causa dos sintomas físicos. Depois de um tempo, eles vão passar e existem técnicas para fazer com que eles sumam com mais facilidade.
Ainda assim, muitos pacientes podem apresentar uma série de outros sintomas depois das crises. A pessoa pode começar a se sentir deprimida por conta das crises, já que os sintomas podem ter um grande impacto na sua autoestima.
O paciente começa a sentir que não serve mais para nada, que é um inútil, que só atrapalha a vida das outras pessoas ou então que é inferior aos demais. Esses pensamentos não são representativos de uma realidade concreta, pois qualquer um pode sofrer uma crise de pânico de repente e se encontrar nessa posição fragilizada.
Por isso, é importante ressaltar que, se esses sintomas emocionais não forem tratados, pode acontecer da pessoa entrar num ciclo do pânico, o que pode fazer com que as crises se tornem crônicas.
Quando isso acontece, isto é, quando ocorrem múltiplas crises de maneira recorrente, podemos dizer que o paciente está sofrendo da síndrome ou transtorno do pânico.
Ciclos do Pânico
As pessoas que sofrem de síndrome do pânico muitas vezes acabam ficando presas em um ciclo vicioso bastante incômodo. Este fenômeno é chamado de Ciclo do Pânico e pode afetar de forma crônica a vida do paciente.
Entenda mais sobre como ele funciona através da imagem acima e da explicação de cada etapa abaixo:
Ansiedade antecipatória
A ansiedade antecipatória acontece quando o paciente se sente muito inseguro com alguma situação que está por vir ou com alguma associação semelhante a um trauma do passado. A pessoa fica ansiosa, com medo de que venha a ter um ataque de pânico novamente. É o famoso “medo de ter medo”.
Nos casos de um trauma passado, por exemplo, a pessoa pode ter passado por uma situação ruim como ter sido atacada por um cachorro. Eis que em algum momento de sua vida, se depara com um outro cachorro parecido com o que a atacou no passado. Esse encontro gera ansiedade na pessoa, que relaciona a cena ao trauma vivido.
Já nos casos de medo do futuro, podemos citar como exemplo o medo de se apresentar em público. O paciente projeta inseguranças e medos para o futuro, gerando ansiedade. Ele acha que vai passar vergonha, cometer alguma gafe e que a plateia vai rir dele. Essa situação pode ser bastante estressante e acabar levando o paciente a um ataque de pânico.
Ataque de pânico
Trata-se da crise do pânico em si na qual os sintomas característicos aparecem. Ou seja, mãos suadas, tremedeiras, sensação de aperto, hiperventilação, sensação de morte e outros. Isso acontece porque o corpo está se preparando para fugir. Vale lembrar que eles são mentais e não vão matar o paciente.
Fuga e alívio
É quando a situação que estava trazendo desconforto é superada através da fuga. No caso da apresentação em público, por exemplo, o paciente deixa de cumprir o compromisso ou evita pegar um viaduto ou túnel.
Os sintomas não necessariamente desaparecem na hora em que a pessoa se livrou do “problema”. Normalmente, ainda demora um tempo para os níveis de adrenalina diminuir. A respiração diafragmática ajuda bastante na hora de acelerar o processo de diminuição dos sintomas.
Instalação de crenças limitantes (autocrítica e autodesconfiança)
Ocorre quando a pessoa começa a se culpar por ter fugido da situação que desencadeou a síndrome do pânico. Pensamentos do tipo “Eu não presto pra nada”, “Só dou trabalho para os meus parentes”, “Ninguém me entende” ou “Se eu passar mal as pessoas rirão de mim” se instala na mente do paciente.
Isso pode ser bastante debilitante e frustrante, pois a pessoa sente que não tem mais a liberdade de fazer as coisas ou então se sente inferiorizada. Isso é muito ruim para autoestima e aumenta os níveis de ansiedade.
Como é feito o diagnóstico?
Muitas pessoas passam por crises ou ataques de pânico em algum momento da vida e não voltam a vivenciar os sintomas novamente. Isso não caracteriza um diagnóstico de síndrome do pânico.
Pelo contrário, para que uma pessoa seja diagnosticada com síndrome do pânico, em primeiro lugar, a frequência das crises de pânico deve ser considerada. Ou seja, se elas acontecem muitas vezes com os mesmos sintomas em um determinado espaço de tempo, é provável que o paciente tenha o transtorno do pânico.
A síndrome do pânico não pode ser diagnosticada através de exames clínicos, mas trata-se de um problema real e grave, necessitando de tratamento urgente para que o paciente volte a ter uma vida com qualidade e que retorne às suas atividades cotidianas.
Os profissionais mais capacitados para diagnosticar a síndrome do pânico são os psiquiatras e psicólogos.
Síndrome do pânico tem cura?
Sim, a síndrome do pânico tem cura, desde que o paciente busque o profissional correto. O tratamento tem duração bastante variável e não é o mesmo para todos, mas o auxílio psiquiátrico e psicológico é essencial para que o paciente supere o problema.
Qual o tratamento?
Assim como grande parte dos transtornos psiquiátricos, o tratamento da síndrome do pânico é feito em duas frentes: a medicamentosa e a terapêutica. Entenda mais sobre elas:
Tratamento medicamentoso
Quando a síndrome do pânico é diagnosticada, o médico psiquiatra pode prescrever uma série de medicamentos, como ansiolíticos e antidepressivos para a remissão dos sintomas do quadro. Esse tipo de tratamento pode demorar até surtir efeito, pois os medicamentos não funcionam da mesma forma para todas as pessoas. Muitas vezes, pode levar até mais de 06 meses para que o paciente note resultados.
Além disso, antidepressivos e ansiolíticos podem trazer uma série de efeitos colaterais indesejados para os pacientes e, como o tratamento pode demorar até surtir efeito, muitos pacientes desistem de tomar os remédios e voltam ao quadro inicial.
Um erro comum com efeitos devastadores para o tratamento é a descontinuidade da medicação antes da alta médica. NUNCA se automedique ou interrompa o uso de um medicamento sem antes consultar um médico. Somente ele poderá dizer qual medicamento, dosagem e duração do tratamento é o mais indicado para o seu caso em específico.
Psicoterapia
Clinicamente, a combinação do tratamento medicamentoso com a psicoterapia tem bons resultados. A psicoterapia, na verdade, pode até mesmo melhorar a efetividade dos medicamentos, além de reduzir as recaídas de pacientes que não seguem o tratamento medicamentoso corretamente.
Dentre as vertentes de psicoterapia, a que tem mostrado mais resultado para o tratamento da síndrome do pânico é a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC).
Como conviver
Conviver com a síndrome do pânico é uma tarefa difícil para o paciente. Confira agora algumas dicas para lidar com a doença:
O que fazer durante uma crise de pânico?
Passar por uma crise de pânico é desesperador. Entretanto, existem algumas medidas que o paciente pode tomar para fazer com que os sintomas passem mais rápido. Entenda:
- Assim que começar a sentir os sintomas, procure um lugar fresco no qual se sinta seguro;
- Não se deve nunca sair correndo. Isso só alimenta ainda mais o desespero causado pela crise;
- Fique numa posição confortável, sentado ou agachado;
- Pratique técnicas de respiração diafragmática. Inspire profundamente e solte lentamente pela boca durante alguns minutos;
- Preste atenção ao seu redor e use os sentidos. Observe o que acontece à sua volta e procure algo para focar sua atenção, como um cheiro, uma textura ou um som;
- Use os medicamentos prescritos pelo médico.
Respiração diafragmática
Uma das formas de diminuir os sintomas que se manifestam durante um ataque de pânico é através da respiração diafragmática. Ela não necessariamente vai parar a crise, mas pode ajudar a amenizar os sintomas sem que seja necessário o uso de medicamentos.
Funciona assim: quando você identificar que está tendo um ataque de pânico, coloque uma mão no peito e outra no abdômen. Respire de forma a levantar somente a mão que está no abdômen. Esse ato pode ajudar a diminuir a falta de ar e a taquicardia.
Como ajudar uma pessoa com síndrome do pânico
- A síndrome do pânico não é exagero, bobagem ou loucura. Nunca diga para uma pessoa que está em crise que ela não tem nada demais ou que é fraqueza dela. A síndrome do pânico é uma doença real e que traz sérios problemas.
- O paciente com síndrome do pânico já sofre o bastante com os sintomas da própria doença. Menosprezar o que ela está sentindo só vai fazer com que ela se sinta mais fraca. É uma atitude cruel e completamente desnecessária.
- Não exerça nenhum tipo de pressão. Tenha calma. Se a pessoa com síndrome do pânico diz não conseguir fazer alguma coisa é porque provavelmente não consegue.
- Portanto, não adianta ficar insistindo para ela sair ou desencanar. Acredite: esse é o maior desejo de alguém que sofre da síndrome do pânico. Acontece que às vezes mesmo as ações mais simples parecem impossíveis. Portanto, a palavra chave é: paciência.
- Evite formas de incentivo grosseiras ou agressivas. Pode parecer uma boa ideia ser mais contundente na hora de incentivar uma pessoa com síndrome do pânico. Dar um empurrãozinho ou um chacoalhão para que a ela reaja positivamente também pode parecer uma boa ideia.
- Esse tipo de “incentivo” pode ser interpretado erroneamente, pode soar como uma agressão e piorar a situação, pois a pessoa pode se sentir diminuída diante da atitude. Portanto, gritar ou dizer certas coisas em tom muito entusiástico para provocar uma reação pode mais atrapalhar do que ajudar.
- Evite contar histórias trágicas ou de outras enfermidades para o paciente. Durante o período de crises, a pessoa que sofre da síndrome do pânico fica muito mais suscetível a incorporar sintomas às suas crises, tem medo de ter a mesma doença da qual ouviu falar ou de sofrer um acidente de carro como na história trágica que acabou de ouvir. Portanto, esse tipo de conversa pode ativar gatilhos emocionais.
- Mantenha a calma durante as crises. Se você não se abalar e mostrar que está ali para ajudá-la qualquer que seja a situação, provavelmente será mais fácil acalmá-la e ela dificilmente terá outra crise perto de você.
- Caso você se envolva no desespero do paciente, dificilmente vai poder ajudá-lo. Muitas vezes, as crises demoram um pouco para passar, mas elas sempre passam.
- Evite tratar o paciente como um coitadinho. Tratar o outro com pena faz com que ele se sinta inferiorizado. Cuide da pessoa com confiança em sua recuperação e não como se ela fosse uma criança indefesa.
- Jamais indique medicamentos por conta própria. A automedicação é muito perigosa e, para os casos de síndrome do pânico, é expressamente necessário consultar um psiquiatra antes de tomar qualquer remédio.
- Seja paciente consigo. Você pode se sentir impotente ou incapaz de entender ou ajudar. Saiba que isso é muito comum. Você não deve se sentir inútil por não conseguir resolver um problema como esse.
- A melhor ajuda que você pode oferecer é estar presente, ao lado da pessoa para o que der e vier. Se for necessário, procure grupos de ajuda. Eles também podem auxiliar as famílias dos pacientes e dar maiores informações sobre a doença.
Prognóstico
O prognóstico dos pacientes com síndrome do pânico tende a ser bastante positivo, apesar da dificuldade de se tratar a doença. O uso da medicação correta e o acompanhamento psicológico ajudam bastante o paciente a retornar às suas atividades cotidianas e levar uma vida com qualidade.
Como prevenir crises de pânico?
Como ainda não se sabe exatamente o que causa uma crise de pânico, dizer o que fazer para evitar que elas aconteçam é uma tarefa um pouco difícil. Entretanto, existem algumas dicas que podem ser de extrema valia para quem sofre com o problema. São elas:
- Praticar atividades que estimulem o relaxamento, como yoga e pilates;
- Evitar locais com muitas pessoas, como shows, peças de teatro e transporte público;
- Evitar o consumo de bebidas que estimulam o sistema nervoso, como a cafeína, o chá preto, verde ou mate e bebidas alcoólicas ou energéticas;
- Sempre que possível, sair na companhia de alguém com que se sinta seguro e confortável;
- Evitar ambientes que possam ser gatilhos para novas crises.
- Vale lembrar que simplesmente evitar o problema não é o mesmo que tratar do problema. Tentar prevenir que as crises aconteçam é interessante para qualquer um que sofre de síndrome do pânico, mas é uma medida paliativa.
- Procure um médico especialista para que ele avalie seu quadro e para que vocês, em conjunto, possam trabalhar numa solução.
Como identificar um ataque de pânico?
Existem alguns sintomas que são característicos de um ataque de pânico. Segue abaixo 05 sintomas mais comuns:
- Mudanças repentinas de temperatura: o paciente pode repentinamente começar a sentir muito calor ou então muito frio;
- Dor no peito: devido ao aumento da frequência cardíaca, é possível que o paciente sinta uma dor no peito, muitas vezes fazendo-o acreditar que está tendo um ataque cardíaco;
- Náusea e tonturas: é bastante comum que, durante os ataques, a pessoa sinta tonturas e fique com o estômago embrulhado, piorando ainda mais a situação;
- Sentimentos intensos: as sensações de medo e ansiedade podem chegar aos extremos durante um ataque de pânico;
- Falta de ar: a soma desses e de todos os outros sintomas pode fazer com que o paciente sinta que não está respirando direito, fazendo-o sentir falta de ar.
Se você por acaso achar que os sintomas são mais graves do que os de um ataque de pânico, não tenha vergonha de pedir ajuda. Se achar necessário, vá ao hospital. Os médicos e profissionais do local vão fazer o possível para aliviar o que te aflige, seja um ataque de pânico ou alguma outra doença.