Efeitos do consumo precoce de álcool na vida adulta

Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA)

Inúmeros estudos apontam que o consumo precoce de álcool está associado a complicações na vida adulta

Irons DE, Iacono WG, McGue M*

Inúmeros estudos apontam que o consumo precoce de álcool está associado a complicações na vida adulta, como doenças, comportamentos antissociais, maior frequência de abuso e dependência do álcool, além do uso e abuso de outras substâncias psicoativas. Tal percepção tem orientado as políticas e esforços para prevenir o consumo precoce de álcool por adolescentes. Apesar de tal associação ter sido estabelecida, é necessário compreender se existe uma relação verdadeira de causalidade, ou se tanto o uso precoce como desfechos negativos na vida poderiam decorrer de fatores preexistentes em comum.

Com objetivo de esclarecer essa questão, o presente estudo acompanhou mais de 1500 gêmeos (tanto dizigóticos quanto monozigóticos), avaliados aos 11, 14 e 24 anos e investigou se o beber precoce teria consequências no perfil de uso quando adulto (para álcool e outras substâncias) e outros resultados sociais relacionados, quando ajustados os fatores confundidores, permitindo conclusões mais acuradas. Para essa análise específica foram criados dois escores: de propensão e de controle de gêmeos. A partir do primeiro puderam ser controlados fatores pessoais, familiares e sociais, como escolaridade, comportamento, uso de substâncias pelos pais e outros; e pelo segundo são consideradas, por método estatístico adequado, algumas influências mais difíceis de serem mensuradas, como aspectos genéticos e diferenças quanto ao compartilhamento de fatores ambientais e sociais pelos irmãos.

Os resultados sugerem que, mesmo com o ajuste para potenciais fatores de confusão, a exposição e intoxicação por álcool na adolescência mantiveram associações causais sobre as medidas de uso e abuso de álcool e outras drogas quando adultos, além de outros comportamentos externalizantes, como sintomas antissociais, estresse gerado por atitudes individuais e problemas interpessoais. Ainda, o gêmeo que bebeu primeiro apresentou risco mais elevado que o irmão não exposto para boa parte dos resultados na vida adulta, como a intensidade do uso de álcool, por exemplo. Em relação à independência e função social quando adulto, não foi encontrada relação com consumo precoce de álcool quando excluídos os fatores de confusão.

Conclui-se que a exposição precoce ao álcool funciona como forte preditor de problemas por uso de álcool na vida adulta, e que parte dos mecanismos envolvidos implica em relação direta de causa e consequência, apesar de não serem todos. Por fim, os autores se referem à existência de outros fatores confundidores ainda desconhecidos para os quais serão necessários estudos futuros.

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